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Foto do escritorRedação Obra Prima

Estilo industrial no campo

A Casa CS foi desenhada pelo Memola Estúdio +Vitor Penha para uma família com dois filhos e muitos amigos. Está localizada em um condomínio residencial privado e, embora ladeada por vizinhos, desfruta de um certo isolamento em relação a eles, de modo a valorizar-se com o projeto arquitetônico a interação dos espaços internos com os externos. A contemplação do nascer e do pôr do sol, bem como o favorecimento das vistas para a natureza circundante, são aspectos relevantes do projeto. Fotos: Fran Parente. Depoimento para o site ArchDaily.



Da varanda vê-se o pôr do sol e consequentemente também da totalidade dos dormitórios, conectados a ela. Da piscina vê-se o horizonte e o pátio é banhado pelo sol da manhã. A partir da área social, então, a visão é panorâmica - voltada para a frente e os fundos da propriedade - e a farta luminosidade natural do ambiente testemunha a passagem do dia.



O conceito é o da criação de uma casa de fazenda, brasileira. Os seis dormitórios, no total, estão organizados em dois blocos independentes entre si, possuindo todos os quartos dimensões generosas. O coração do projeto é uma ampla área de estar que é, a um só tempo, espaço para relaxamento, refeições e jogos. Um lugar para várias formas de convívio.



A arquitetura está setorizada em três blocos principais: o central, onde está a área de estar, e as duas alas de dormitórios que partem de extremidades opostas da sala para, então, alongarem-se no terreno. Um pergolado com estrutura metálica, ripas de madeira e fechamento superior de vidro circunda a área social, criando-se uma varanda que contorna integralmente o coração do projeto, como em uma leitura das tradicionais casas de fazenda. Além de testemunhar as mudanças da luz natural ao longo do dia, a presença da pérgola gera espaços de transição que conectam a sala com os quartos: junto da área íntima, trata-se de um corredor contíguo à cozinha, enquanto que no acesso às dependências dos hóspedes, há uma breve galeria de passagem conformada por paredes e teto de vidro, também ela traspassada pela pérgola. O envidraçamento destas conexões faz parecer com que se caminhe ao ar livre, mesmo que se esteja dentro da casa.



A colocação, a paginação e a seleção dos tijolos de demolição, reutilizados na obra com cores e tamanhos diversos, colabora com a aparência rústica da arquitetura. O mesmo vale para a pedra madeira que reveste as paredes, tendo-se privilegiado a escolha de peças com nuance amarelada, condizente com aquela predominante nos tijolos.



Nos interiores, o elevado pé-direito do estar é humanizado pelo teto de vidro que conforma a água mais curta, e mais inclinada, do telhado. Voltada para o sul, revestida com película anti-reflexiva e protegida contra a insolação direta pelo prolongamento da outra água da cobertura, ela funciona como uma claraboia que revela a transformação da luz ao longo do dia e permite ver o céu noturno.



As esquadrias foram desenhadas sob medida para o projeto. Janelas e portas estão posicionadas em pontos estratégicos tanto em termos dos fluxos dos usuários quanto dos enquadramentos da paisagem, priorizando-se a subdivisão dos vãos-luz (os contramarcos são metálicos) em requadros (os miolos das janelas são de madeira) de pequenas dimensões. Tem-se, assim, janelas com perfis delgados e versáteis, ora com pano fixo junto ao piso e parte superior com abertura do tipo camarão, ora com trechos basculantes, entre outros, sempre qualificadoras dos espaços sob sua influência.



De par com o desenho personalizado da marcenaria e de parte do mobiliário - como estantes e bancadas, estas feitas com concreto - e do garimpo de peças, uma das constantes dos projetos do Estúdio Penha, a as janelas e portas qualificam cada canto do projeto, criando uma visão harmônica, de conjunto, mesmo no convívio de móveis e atividades distintas entre si, como aquelas da grande área de estar.



Neste sentido, se destaca o rigoroso traçado das tubulações, todas aparentes, desenhado pela equipe de arquitetura. Ordena-se o que tende a parecer um caos e confere-se beleza a um tipo de elemento - tubos, perfilados e conduítes - originalmente de interesse secundário, embora a sua máxima importância para o funcionamento da casa. Na grande área de estar, a iluminação está posicionada a meia altura, com eletrocalhas sustentadas por extensores fixados na cobertura e spots ora direcionados para paredes, ora para pisos e ora para o telhado, de modo a valorizar a espacialidade do ambiente.









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