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Foto do escritorRedação Obra Prima

Genuinamente industrial

O projeto da Casa Mãe Terra, do Memola Estúdio + Vitor Penha transforma um antigo bar da Vila Madalena, em São Paulo, na sede da Mãe Terra, empresa do ramo alimentício. O objetivo foi congregar as áreas administrativas, de inovação e desenvolvimento de produtos, mas também espaços para a experimentação dos alimentos e de vivencia da filosofia de trabalho da empresa. Fotos: Fran Parente. Depoimento enviado ao site ArchDaily.



Desde o início, a terra foi pensada como o material síntese do projeto, capaz de expressar os valores de conexão com a natureza e de acolhimento a que se refere o nome Mãe Terra. Concebida à imagem de uma casa aberta a todos, funcionários, consumidores e mesmo frequentadores do bairro, a arquitetura tem materialidade composta por variantes da terra: a crua (na taipa) e a cozida (nos blocos cerâmicos).


Ainda que não tenha mudado a área de projeção do imóvel, trata-se de uma reforma com ampliação. Houve a completa remodelação interna, com a eliminação de paredes que compartimentavam ambientes, a remoção dos revestimentos, o redesenho dos fluxos verticais, a execução de reforços estruturais e de nova rede de infraestruturas, e ocupou-se o espaço sob o telhado - também ele reconstruído.




O objetivo era utilizar nas novas paredes um bloco cerâmico diferente do convencional, com nervuras maiores conforme selecionado na pesquisa de referências do projeto. Uma vez identificado no mercado da construção um produto correlato, o trabalho junto com o fabricante foi para ampliar a capacidade de suporte de cargas do bloco e permitir a sua utilização aparente, sem revestimentos. Da parceria, assim, surgiu um dos materiais de destaque do projeto, utilizado tanto internamente quanto nas fachadas. A sua paginação é alternada, do tipo amarração, e as juntas de dilatação são maiores do que as habituais, equivalente à largura das nervuras do produto.


Também os revestimentos das paredes mantidas têm relação com a terra. Nas fachadas, assim, foi aplicada uma camada externa de taipa, com frisos horizontais e tonalidades e textura aproximadas àquelas do bloco cerâmico. Complementarmente, as paredes internas pré-existentes foram revestidas com tinta de componentes naturais e cor terrosa.






Em meio à completa transformação do imóvel, de que são testemunho as vigas que atravessam os ambientes com o seu traçado alheio aos novos usos, janelas e portas foram todas refeitas. Como de costume no trabalho do estúdio, a serralheria congrega panos fixos com aqueles de abrir, de levantar ou venezianas, dependendo da ocupação ao redor. Mas no projeto da Mãe Terra, as janelas configuram ainda volumes que, sobressalentes, sinalizam a intenção de aproximar o usuário das copas das numerosas árvores circundantes.


Eles estão presentes no primeiro pavimento, totalmente adaptado para receber o escritório da empresa, e tanto por fora quanto por dentro do imóvel a sua envoltória é feita com madeira pinus. Vigas metálicas cravadas na laje sustentam o piso dos volumes sobressalentes que, mobiliados com assentos fixos, são espaços de socialização e natureza contemplativa, e cujo caráter lúdico comunica a informalidade caracterizadora do projeto. Na quina do sobrado, localizado em esquina, sofá e janela tem desenho em forma de L.






É farta a iluminação natural dos interiores, possibilitada tanto pelo redesenho das janelas quanto pela distribuição da luz através das frestas da nova escada metálica (piso de chapa perfurada e guarda-corpo de vergalhão), inserida nos fundos da edificação. Também o pavimento superior, idealizado para acomodar diferentes áreas de reuniões - algumas compartimentadas outras do tipo open space - e área de eventos, é circundado por fachadas envidraçadas que, recuadas em planta, são ladeadas por jardineiras com denso paisagismo.


O pavimento térreo, aonde há o café, a cozinha e os espaços de inovação/desenvolvimento de produto, é equipado com cozinha preparada para a realização de cursos. O pátio dos fundos é visível através do janelão do hall da escada e a coexistência dos materiais e elementos - novos e antigos - repercute a linguagem visual do projeto como um todo.


















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