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Vila na Mantiqueira: quando você escolhe seus vizinhos

Já pensou em reunir os amigos e criar uma comunidade autossustentável, em meio a uma natureza intocada? Eis a história desta obra, na Serra da Mantiqueira. Mais que construção de moradias, é um verdadeiro projeto de vida, com forte caráter de sustentabilidade e respeito ao meio ambiente.



Um conjunto de cabanas, com 80 m2 cada, formam essa vila de amigos que se reuniram para construir o sonho de morar juntos, no meio do mato. A proposta prevê um programa de sustentabilidade, da concepção à execução. Energia Solar, reuso de água e captação de águas pluviais, tratamento de esgoto, aproveitamento da topografia natural do terreno, conforto térmico, uso de madeiras de reflorestamento e recicladas, e uma arquitetura funcional. “Essas são as diretrizes dos meus projetos”, diz o arquiteto Eduardo Gallian, do escritório Gallian Arquitetura. Para ele, o respeito à natureza deve ser o ponto de partida, por onde tudo começa.



O projeto foi desenvolvidos apresentando duas tipologias de casas, uma com telhada em duas águas (asa delta) e a outra em telhado plano (teto verde).



A sustentabilidade foi o mote do projeto, tanto no plano arquitetônico em si como no uso de materiais para a construção, sempre visando o menor impacto sobre a natureza possível. “O intuito é aproveitar ao máximo a topografia do terreno, sem a necessidade de terraplanagem, o que é possível neste tipo de construção”.


Todas as casas contam com um programa de sustentabilidade, uma comunidade pensada para que todos os custos com equipamentos e recursos de abastecimento energético possam ser divididos entre os moradores, como ´por exemplo o rateio de uma pequena usina de energia solar, que funcionará por meio de placas voltaicas. O mesmo conceito para o tratamento de esgotos. “Cada residência terá o seu próprio biodigestor: a água usada será dispensada praticamente limpa”.



Também estão nos planos uma cozinha gourmet, onde todos possam exibir e contribuir com seus talentos culinários, além de uma lavanderia, otimizada com poucas máquinas de lavar e secar. “O importante é que todos possam usufruir do terreno, sem limites, com uma certa distância entre as casas, claro, para garantir a privacidade, inclusive por meio de um paisagismo bem planejado”, revela o arquiteto.



Na construção, o desafio está no conforto térmico, já que se trata de uma região muita fria. A cerca de 1.800 metros de altitude, a temperatura varia de 25 graus, a máxima no verão, até 7 graus negativos, a mínima no inverno. Ou seja, um frio intenso na maior parte do ano. “O terreno é face norte, o que beneficia a insolação. No inverno temos a incidência do sol o dia todo para aquecer as casas”. Daí o arquiteto lançar mão das mesmas concepções das construções de países muito frios da Europa e Canada, por exemplo. "Recursos como isolamento térmico nas paredes e principalmente no piso, lareira, salamandra, fogão à lenha, sol... Tudo ajuda para a casa ficar termicamente confortável".



Luz e ventilação naturais são outros pontos primordiais, bem como a vista. “Gosto de desenhar plantas com grandes vãos e muito vidro. Temos a natureza a nosso favor e é muito bom poder trazê-la para dentro, porque a paisagem também faz parte da casa”, enfatiza Gallian, cujos trabalhos prezam pela integração do exterior com o interior.


Imagens meramente ilustrativas.




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